Segundo a Secretaria de Segurança, seis pessoas que estariam portando objetos como soco inglês e fogos de artifício foram encaminhadas à delegacia.
"Na rua da Consolação, durante a passagem dos manifestantes, foram registradas depredações em uma agência bancária, em um ponto de ônibus, e tentativas de vandalizar outros estabelecimentos, além do lançamento de objetos contra a tropa, que utilizou técnicas de controle de multidão para restabelecer a ordem no local. Não há registro de feridos", disse o órgão por meio de nota.
Os organizadores da manifestação estimaram em 70 mil os participantes do ato neste sábado — em 3 de julho, a estimativa dos organizadores foi de 100 mil pessoas reunidas na avenida Paulista (para a Secretaria de Segurança Pública, o ato reuniu cerca de 5.500 participantes). Hoje o governo paulista ainda não divulgou estimativa de público.
Além de São Paulo, houve manifestação pedindo o impeachment de Bolsonaro em todos os estados (incluindo todas as capitais), além do Distrito Federal.
Aglomeração e políticos de oposição
Em São Paulo, embora os manifestantes tenham usado máscaras, houve muita aglomeração e os carros de som tiveram dificuldade de passar pela Paulista. A cor vermelha das bandeiras dos partidos políticos e os gritos "fora Bolsonaro" dominaram o protesto, com bandeiras e balões de partidos como PT, PCO, PSOL, PC do B e PSTU, e de entidades como CUT e UNE.
Os ex-candidatos à Presidência Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL) discursaram para os participantes do ato em carros de som. O vereador Eduardo Suplicy (PT-SP), de 80 anos, também esteve no local, em seu primeiro protesto desde o início da pandemia.
Suplicy criticou o comportamento de Bolsonaro que tem atacado e xingado senadores que integram a CPI da Covid.
A CPI cumpre uma função constitucional muito importante de desvendar fatos gravíssimos descobertos. É dever dos parlamentares irem a fundo para descobrir as coisas. Mas o Bolsonaro não tem a menor educação para tratar as pessoas que discordam dele e usa palavrões para menosprezar as pessoas. Eduardo Suplicy
A reportagem percorreu a avenida de lado a lado antes do começo da caminhada dos manifestantes e não encontrou bandeiras ou camisetas do PSDB, que prometeu participar apesar do confronto com manifestantes do PCO registrado na manifestação passada, que terminou com confusão e depredação como neste sábado.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, foi montado um "esquema especial de policiamento", com efetivo reforçado de 800 policiais, além de monitoramento por câmeras fixas, móveis e corporais acopladas aos uniformes.
Manifestante segura cartaz com "e-mails da Pfizer" em protesto contra o governo Bolsonaro em São Paulo Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL. |
É uma tentativa de tornar lúdico algo que a gente vê no cenário político. Isso serve lembrar as pessoas que a gente já estaria vacinada se Bolsonaro tivesse feito o trabalho dele "Patrick Aguiar, 20, estudante de gestão pública da USP.
Com um cartaz onde se lia a mensagem "Ele não", o pastor evangélico Márcio Pereira, 61, ostentava uma camisa com mensagem de apoio ao SUS e pedindo pela saída de Bolsonaro.
"O evangélico prega amor, justiça social e respeito à diversidade. Bolsonaro é o contrário disso. E representa um governo irresponsável, que não investiu na prevenção", disse.
Josué Rocha, da Frente Povo Sem Medo, comemorou a mobilização de hoje em todo o país. "O povo não aceita mais Bolsonaro", disse. Para ele, o impeachment é "urgente". "O número de atos vem crescendo".
Rocha disse que entre as medidas de segurança contra a covid-19, as entidades organizaram brigadas de saúde, espalhadas pela avenida Paulista, distribuindo álcool em gel e máscaras para quem participa da manifestação. O número de pessoas sem máscaras, entretanto, é irrisório. Percorrendo a avenida de lado a lado, a reportagem só viu pessoas sem o acessório quando estavam consumindo alimentos ou bebidas.
Manifestante segura placa "Jacarés contra Bolsonaro" em ato em São Paulo Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL |
O produtor de eventos Rafael Macedo, 35, foi para a avenida Paulista vestido de jacaré e exibindo uma placa: "Jacarés contra Bolsonaro".
"Já é a segunda vez que participo do ato vestido assim. É uma forma de fazer uma crítica bem-humorada. Tô aqui pra brigar para que todo mundo seja vacinado contra a covid no país", disse.
Manifestante usa camisa do Palmeiras com a inscrição "Ditadura nunca mais" em protesto em São Paulo Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL. |
Com a frase "democracia corintiana", o metalúrgico Fábio Evangelista de Souza, 45, relembrou do movimento liderado pelos então jogadores Sócrates, Casagrande, Wladimir e Zenon na década de 1980.
"Eu era moleque na época. Mas nunca esqueci da mensagem deixada por eles. Sempre que a democracia estiver ameaçada, a gente tem que levantar essa bandeira. De vencer ou perder. Mas sempre pela democracia", disse.
Capitais registram novos protestos contra Bolsonaro
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