O estudo também identificou que a potência da maconha aumentou em até quatro vezes, ocasionando mais danos à saúde| Foto: Unsplash
O Relatório Mundial sobre Drogas 2021 da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que houve queda de até 40% na percepção de risco quanto à maconha por parte de adolescentes em diversos países nos últimos anos. O documento, produzido pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), cita que o declínio na percepção de risco ocorre enquanto persistem evidências de que o uso da cannabis está associado a uma variedade de danos à saúde.
O estudo também identificou que a potência da cannabis aumentou em até quatro vezes em algumas partes do mundo, ampliando o potencial de dano da droga aos usuários. Segundo o relatório, a porcentagem de Tetra-hidrocanabinol (THC) - principal componente psicoativo da maconha - aumentou de 6% para 11% na Europa entre 2002 e 2019, e de 4% para 16% nos Estados Unidos entre 1995 e 2019.
"A menor percepção dos riscos do uso de drogas tem sido associada a maiores taxas de consumo. As descobertas do UNODC destacam a necessidade de fechar a lacuna entre percepção e realidade para educar os jovens e salvaguardar a saúde pública", diz a diretora-executiva do UNODC, Ghada Waly.
O estudo cita ainda que o debate global sobre o uso medicinal e industrial da cannabis nos últimos anos é um dos fatores que levou um grande número de jovens a perceber erroneamente a cannabis como menos prejudicial.
No relatório anterior, o UNODC já havia mencionado que o movimento de legalização do uso de cannabis em vários países estava impulsionando o consumo, e que o uso frequente da maconha havia aumentado em todos os países que legalizaram a droga.
Diante disso, a Gazeta do Povo conversou com o médico psiquiatra Quirino Cordeiro, secretário nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas (Senapred), do Ministério da Cidadania, sobre algumas das conclusões do estudo das Nações Unidas, bem como os impactos do consumo da cannabis e o equilíbrio entre disponibilizar os medicamentos à base da planta para pacientes, mas, ao mesmo tempo, não impactar negativamente o cenário de saúde pública no país.
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