Jornalista está em estado crítico após repressão policial em protesto na Argentina
Sábado, 15 de março de 2025

Jornalista está em estado crítico após repressão policial em protesto na Argentina

 Mesmo antes do ato, manifestantes foram duramente reprimidos com balas de borracha, gás lacrimogêneo e um caminhão-pipa


O fotojornalista Pablo Grillo, atingido pela repressão policial em Buenos Aires, em 12 de março de 2025. Foto: Nicolas Suarez/AFP

Porto Velho, RO - Um jornalista está em tratamento intensivo, nesta quinta-feira 13, depois de ter sido gravemente ferido enquanto cobria uma manifestação de aposentados apoiada por organizações sociais em Buenos Aires, que levou a confrontos com a polícia que deixaram mais de 100 pessoas presas e pelo menos 45 feridas.

O fotojornalista Pablo Grillo, de 35 anos, foi ferido na cabeça por um projétil de gás lacrimogêneo, como mostram as imagens, e foi levado a um hospital em Buenos Aires para ser operado.

O pai do profissional, Fabían Grillo, disse que a cirurgia “salvou a vida dele”, que “agora vem a possível recuperação” e que os médicos fariam outra intervenção durante o dia “para medir a pressão no outro lado do cérebro”.

Na quarta-feira à tarde, a manifestação semanal dos aposentados que exigem o ajuste de suas aposentadorias foi apoiada por membros de pelo menos trinta associações, assim como organizações sociais e sindicais.

Antes de começar o protesto, os manifestantes foram duramente reprimidos pela polícia com balas de borracha, gás lacrimogêneo e um caminhão-pipa, enquanto alguns respondiam atirando pedras e pedaços de calçadas quebradas, e vandalizavam lixeiras e carros da polícia.

O prefeito acusou “grupos violentos altamente organizados” de terem provocado os tumultos e disse que houve 260 milhões de pesos (cerca de 240.000 dólares ou 1,3 milhão de reais na cotação atual) em danos. Dos 45 feridos, 25 eram manifestantes e 20 policiais, informou.

Os detidos “vão ser acusados por vandalismo de carros, lojas, espaços públicos e agressão a policiais. Temos provas e estamos buscando mais ainda para construir um caso sólido”, acrescentou.

“Objetivos”

A juíza Karina Andrade liberou 114 dos 124 detidos, nas primeiras horas da manhã, argumentando que a informação recebida sobre as detenções era “imprecisa”, sem “detalhes sobre a hora e o local” ou dados sobre o “delito específico” que supostamente haviam cometido, segundo o veredicto publicado pela mídia local.

A presidência criticou a decisão: “Aqueles que militam pela impunidade em todas as decisões também são cúmplices”, disse o porta-voz Manuel Adorni.

Os fotojornalistas são “alvos de repressão” do Ministério da Segurança, denunciou a Associação de Repórteres Gráficos da Argentina (ARGRA) em um comunicado.

Grillo foi “gravemente ferido pelas forças de segurança e sua vida está em perigo, porque não houve uma única iniciativa política, institucional ou judicial para pôr fim à sua impertinência assassina e demagógica”, declarou a ARGRA.

Além de Grillo, cerca de 20 jornalistas que cobriam o protesto foram atingidos por balas de borracha disparadas pela polícia, de acordo com a associação.

O chefe de gabinete, Guillermo Francos, referiu-se ao caso como um “acidente imprevisto” e acusou os organizadores de pretender realizar “uma espécie de golpe de Estado” contra o governo ultraliberal de Javier Milei.

A ministra de Segurança, Patricia Bullrich, declarou na noite de quarta-feira que Grillo é um “militante kirchnerista (oposição)” e que havia sido detido, embora estivesse no hospital.

Na noite de quarta-feira, panelaços foram ouvidos em repúdio à repressão em vários bairros de Buenos Aires. Além disso, centenas de argentinos marcharam espontaneamente de diferentes partes da cidade até a Casa Rosada (governo), para exigir a saída de Bullrich e Milei.

Os conflitos começaram no meio da tarde de quarta-feira, quando alguns manifestantes desafiaram os cordões de isolamento da polícia para liberar as estradas em frente ao Congresso.

Fonte: Carta Capital

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